Políticas de drogas e fundiária são debatidas em conferência da OAB-BA

Ao se debater a questão fundiária no país, os presentes puderam ouvir o cacique Babau, líder da nação Tupinambá, narrar o sofrimento dos povos indígenas por conta das demarcações de terra. "Falar da questão fundiária no Brasil é falar de genocídio, perseguição, racismo, violação de diretos, tudo que é abandonado pelos governantes e deixado de ensinar na universidade e escolas sobre igualdade de direitos", desabafou. Cloves Santos Araújo, professor e mestre em Direito, mostrou que para entendermos a problemática fundiária brasileira é necessário saber que este tema está configurado a partir de dois grandes marcos: a publicização das terras, ocorrida com a chegada dos portugueses que dividiram o território nas sesmarias; e a privatização, que veio com a Lei de Terras de 1850. "Ora! Publiciza-se, retira das mãos dos índios para colocar nas mãos da Coroa Portuguesa, para posteriormente jogar a terra para o mercado". Em meio a esse cenário, a participação de grupos voltados para a defesa dos Direitos Humanos é essencial para o estabelecimento da Justiça Social. Nesse sentido, a doutora em Direito Marília Lomanto lembrou o papel dos advogados populares nessa empreitada. "Felizmente temos os advogados populares e nós temos visto o enaltecimento destes companheiros em belíssimas ações de defesa que eles vêm desempenhando". Homenagem
A conferência marcou também a despedida do presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-BA, Eduardo Rodrigues, do cargo, que precisou se licenciar. Desde já, a função está sendo exercida pelo vice-presidente Jeronimo Mesquita. O presidente da OAB-BA Luiz Viana lembrou que até a chegada de Eduardo Rodrigues à presidência da comissão o cargo era tradicionalmente ocupado pelo presidente seccional. "Eduardo fez um pleito, o Conselho aprovou e ele foi o primeiro presidente da Comissão de Direitos Humanos não presidente da seccional", disse. Ainda de acordo com Luiz Viana, Eduardo Rodrigues fez um trabalho extraordinário e conseguiu juntar muita gente boa na luta pelos Direitos Humanos na Bahia. "Esse é um momento de agradecimento pelo trabalho feito e de dizer que é apenas um até logo. Ele voltará a OAB em breve". Eduardo Rodrigues agradeceu a homenagem recebida e destacou o apoio do presidente seccional para o êxito do trabalho. "Se houve um responsável para que a comissão tenha tido tanta relevância foi Luiz Viana Queiroz, que nos deixou concretizar aqueles sonhos de quando éramos estudantes. Com ele percebemos que falar de Direitos Humanos não era semear no deserto, como muitos diziam. É um terreno fértil, que dá frutos e nós continuaremos juntos na defesa daquilo que acreditamos". Foto: Angelino de Jesus (OAB-BA)