Britto critica criação de carteirinha estatal para ter acesso aos estádios
Brasília, 13/03/2009 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, afirmou hoje (13) que é uma redundância exigir do torcedor brasileiro que retire uma carteira ou cartão magnético para poder comprar ingressos de partidas de futebol e ter acesso a estádios. Isso porque, segundo Britto, a forma de o cidadão se identificar no país é por meio de sua carteira de identidade, "nem mais, nem menos". "O direito de ir e vir, especialmente para fazer valer a paixão do brasileiro pelo futebol, não pode ficar condicionado à prévia autorização estatal".
Na avaliação do presidente da OAB, se a idéia é proteger o cidadão da violência nos estádios de futebol, o que haver é um melhor policiamento e a utilização de forma mais eficiente do serviço de inteligência para por fim aos criminosos que se infiltram nas torcidas organizadas. "Controlar, aumentando o poder de vigilância genérica, é o mesmo que dizer que todos somos culpados por antecipação", afirmou Britto. "Não me parece uma boa idéia a criação de uma carteira ou um cadastro para o torcedor, que já está identificado por meio de sua carteira de identidade".
A obrigatoriedade do cadastro foi anunciada pelos ministros do Esporte, Orlando Silva, e da Justiça, Tarso Genro, e formalizada nesta sexta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A idéia do governo é que, a partir do cadastramento, se faça mais facilmente a identificação de torcedores que provocarem tumulto nos estádios. A expectativa é que, entre junho e dezembro, todos os torcedores estejam cadastrados, de modo que no campeonato brasileiro de 2010 o cartão de identificação do torcedor já seja usado para a compra de ingressos e acesso aos estádios.