Recife (PE), 11/03/2009 - O editorial "Todos contra Todos" foi publicado na edição de hoje (11) do Jornal do Commercio, de Pernambuco:

"O ‘Estado de bisbilhotice'' que se assiste hoje no Brasil, como bem definiu o presidente nacional da OAB, Cesar Britto, exposto ao conhecimento de todos em mais um episódio de violação dos papéis das instituições policiais - o novo desacerto do delegado Protógenes - suscita enorme preocupação. Apavoram as nossas autoridades os fortes indícios de que instituições como a Polícia Federal estejam agindo fora da lei, sem qualquer transparência, e se excedendo em seus limites ao ponto de violar os direitos constitucionais.

O professor de Ética, Roberto Romano, da Universidade de Campinas, é inflexível. Para ele, "estamos apelando para o Estado absolutista". "É o Estado austero, nos padrões absolutistas, onde quem tem a força pode fazer o que bem entender. O Estado que exige de todos, mas não se deixa vigiar por ninguém. Isso está levando à perda de liberdade do indivíduo",

Sentença penosa essa, para dizer o mínimo, se estivermos ingressando, sem providências, num modelo de Estado que se destaca pela centralização do poder, como observa Romano. Não é de hoje que a espionagem de autoridades no âmbito da política ganha contornos preocupantes. Mas talvez tenha chegado o momento - veja que até a banalização do grampo assumiu contornos assustadores - de, resguardados os serviços de combate à corrupção, de se exigir das instituições policiais uma atuação legal e de máxima transparência. Ou trilharemos o caminho de um sistema déspota, como enxerga o professor Romano, travestido de Democracia, mas vivendo mesmo numa guerra de todos contra todos."